quarta-feira, 1 de setembro de 2010

UMA HISTÓRIA DE AMOR

A história começa em uma pensão para estudantes em BH. O jovem Walter Machado, mineiro de Piranguinho, matriculado no curso de Medicina da UFMG, torna-se amigo de Helton Magalhães e Waldir Leão. Como todo serrano, apaixonado por sua terra, Helton e Waldir convenceram o amigo Walter a conhecer o Serro. Ele gostou, gostou tanto que por aqui se estabeleceu em 1960. Abriu um consultório na Rua Nagib Bahmed e prestava serviços para a Santa Casa de Caridade - o Hospital do Serro. Mas o consultório não tinha muitos clientes. Intrigado, Dr. Walter procura o amigo Darcy Lins Mesquita e o questiona sobre o movimento do consultório, a que Darcy responde: “Walter, você precisa se casar para receber as famílias em seu consultório”. Darcy só não imaginava que Dr. Walter fosse se encantar por sua sobrinha, Magda Lopes Mesquita, com quem se casou em 1962.

De lá para cá passaram-se 50 anos. Nesta longa trajetória, muitas famílias do Serro e região podem dizer que pais, filhos, netos e até bisnetos nasceram pelas mãos de Dr. Walter! Para arriscar um palpite, o próprio Dr. Walter - com a ajuda, claro, de D. Magda - estima que realizou mais de cinco mil partos e incontáveis cirurgias apenas no Hospital do Serro. Entre eles, os partos dos três filhos e de quatro dos cinco netos. “Eu queria levar a Magda para fazer os partos em Belo Horizonte, mas ela bateu o pé: - Você faz parto de todo mundo, por que não vai fazer o meu?”. E assim foi.

As histórias são muitas. Na época em que começou a clinicar no Serro, a luz dependia de uma pequena Usina Hidrelétrica que fornecia energia apenas até as 18 horas. Depois, um gerador da Prefeitura Municipal garantia o fornecimento até as 21 horas. Muitas vezes era preciso improvisar para salvar pacientes com risco de morte. Muitas cirurgias foram realizadas no Hospital com um recurso criado por Dr. Walter, que adaptou um farol de carro como foco, ligado à bateria da sua Rural Willys, estacionada ao lado da sala de cirurgia. A irmã Júlia Dupim segurava a caixa de luz sobre o paciente e Dr. Walter, assim, podia fazer procedimentos de emergência, mesmo quando era interrompido o fornecimento de energia elétrica.

Outras vezes era preciso percorrer longas distâncias para prestar atendimentos. Quantas noites Dr. Walter foi acordado por um pedido de socorro. Alguém precisava de atendimento urgente em Rio Vermelho, Serra Azul de Minas, Alvorada de Minas e mesmo no Serro. As distâncias eram percorridas com chuva forte ou muitos buracos, sempre em valentes jipes. Dr. Walter conta que muitas vezes, além do longo percurso vencido de carro era preciso atravessar rios, contar com a ajuda de cavalos, andar a pé para salvar uma vida. “Salvei muitas vidas, isso ninguém pode negar. Tenho essa consciência”. “Acho que estou realizado. Acredito que sou um vitorioso na profissão”.

Um comentário:

  1. Esta matéria me deixou emocionada. MERECIDA a homenagem prestada a ele. Meu médico preferido e da minha família também. Ele vestiu a camisa e tem uma longa história de competência pelos inúmeros serviços prestado aqui em Serro e região.Pode sim considerar-se um grande VITORIOSO! PARABÉNS!!

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