segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Menina Branca também é gourmet!

Hummm!!! Esta é a melhor expressão para definir a requintada apresentação de sabores da 4º Edição do Cachaça Gourmet Belo Horizonte. A festa de lançamento foi realizada na Cozinha Modelo do Mercado Central, no dia 12 de dezembro, e reuniu uma competente seleção de restaurantes da capital. A cachaça de alambique é quem dá o tom e oferece charme à proposta gourmet, em perfeita harmonia com os sabores inusitados dos ingredientes, selecionados pelos chefs convidados, de efeito gastronômico, no mínimo, intenso.
E, claro, a Menina Branca estava lá para valorizar o Risoto Tonto, uma criação do Chef Anderson Salvador, do Café Club, com a colaboração da Chef Manu Assunção.
A rica iguaria poderá ser saboreada durante o Cachaça Gourmet, de 10 de janeiro a 10 de fevereiro de 2012, no Café Club, charmoso restaurante de BH, com a inebriante companhia da cachaça Menina Branca!

A Menina Branca é o ingrediente especial do Risoto Tonto, criação
do Chef Anderson Salvador, do Café Club

A Menina Branca posa para foto com grandes nomes da
gastronomia mineira, no lançamento do Cachaça Gourmet 2012:
Vinícius Salomão, restaurante Mané e Maria, Márcia Clementino
Nunes, do Dona Lucinha, e Murai Caetano, do Xico da Kafua

Dona Lucinha e Marcelo Machado, produtor da Menina
Branca, brindam o lançamento da Cachaça, no Restaurante
Dona Lucinha, em outubro deste ano

TEÓFILO OTTONI: HISTÓRIA QUE VEM DO SERRO!

Quem foi mesmo este Teófilo Ottoni? Deve ser importante porque tem até nome de cidade! É assim que o brasileiro comum costuma se referir à memória de seu país. E não é por desleixo, não, é pura luta pela sobrevivência. Conhecimento precisa de ócio. Não dá para conhecer sem ter tempo para escarafunchar livros, escritos, Internet e outros bichos. Tudo isso sem grana e depois de um dia daqueles, definitivamente não dá. Fica a cargo da escola transmitir o que não é possível experimentar espontaneamente... bom, já deu para entender porque muitas vezes existe um amplo desconhecimento dos fatos e histórias que rondam a singularidade brasileira.
Mas por que falar de Teófilo Ottoni? É bastante oportuno, já que no dia 28 de novembro deste ano foi realizada, no Serro, Minas Gerais, a cerimônia de entrega da Comenda Teófilo Ottoni a 30 brasileiros indicados em 2011 e outros quatro indicados em anos anteriores. Instituída pelo Governo de Minas em agosto de 2007 - ano em que foi comemorado o bicentenário de nascimento do libertário -,  a honraria presta homenagem a personalidades ou instituições que “contribuem com o desenvolvimento político, cultural, econômico e social das regiões dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, Norte e Nordeste de Minas”.
E por que Teófilo Ottoni? Para entender a sua importância no contexto nacional, é preciso primeiramente situá-lo historicamente. Theóphilo Benedicto Ottoni nasceu no Serro, em 27 de novembro de 1807, e faleceu, em 17 de outubro de 1869, no Rio de Janeiro. Em sua época, existiam dois partidos políticos no Brasil, o Conservador e o Liberal. Os conservadores defendiam a centralização do poder na figura do Imperador D. Pedro II, enquanto os liberais defendiam  a autoridade e o fortalecimento dos poderes das províncias e dos municípios, mais sensíveis às reivindicações populares. Teófilo Ottoni foi um dos líderes da Revolução Liberal de 1842, em Minas Gerais, derrotado em Santa Luzia  pelas tropas de Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Discurso inflamado, pena afiada, escreveu para vários jornais e publicou o Sentinella do Serro, na linha do jornalista revolucionário Cipriano Barata. Em 1847, realiza a primeira viagem ao Vale do Rio Mucuri e funda a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri, cujo objetivo principal era ligar o centro-oeste da Província de Minas Gerais ao litoral. Em 1853, iniciou o processo de exploração e colonização do Vale do Mucuri, fundando Filadélfia, hoje município de Teófilo Ottoni. Foi eleito algumas vezes para o Senado, mas somente conseguiu empossar-se senador depois de 1864, quando os liberais já contavam com a simpatia de Dom Pedro II. Nessa época, no entanto, já se encontrava cansado, sem recursos e com a saúde debilitada.
Está aí o porquê da Comenda Teófilo Ottoni e a relação dela com o Serro. A cerimônia foi presidida pela Secretária de Estado da Casa Civil e Relações Institucionais, Maria Coeli Simões Pires, no auditório da Pontifícia Universidade Católica, no Serro. A Secretária Maria Coeli, serrana agraciada com a medalha em 2007, ressaltou a importância da Comenda, criada com o objetivo principal de resgatar a memória do político e empreendedor Teófilo Ottoni. “Essa comenda faz justiça ao grande homem que foi Teófilo Ottoni e reacende a veia política não só dos serranos e também dos mineiros que se identificam com a bandeira da liberdade. Os homenageados estão comprometidos com a liberdade, os direitos fundamentais e o empreendedorismo”, ressaltou Dra. Maria Coeli, em seu pronunciamento.

Magda Mesquita Machado e Dr. Walter Machado

Entre os homenageados, importantes personalidades como Dr. Walter Machado, médico nascido em Piranguinho, no sul de Minas, que adotou o Serro como sua terra e há mais de 50 anos dedica seu talento profissional à região. Nesta longa trajetória, muitas famílias podem dizer que pais, filhos, netos e até bisnetos nasceram pelas mãos de Dr. Walter! Para arriscar um palpite, Dr. Walter estima que fez mais de cinco mil partos e incontáveis cirurgias apenas na Casa de Caridade Santa Tereza,  Hospital do Serro. Entre eles, os partos dos três filhos e de quatro dos cinco netos. “Esta homenagem me emociona pelo reconhecimento de um trabalho que realizei por amor à profissão”, aponta.
O juiz Márcio Idalmo entre suas ex-professoras,
Gracíola Terezinha Simões e Maria Isabel das Graças
de Almeida (E), e a mãe Maria da Conceição Santos

O Juiz Márcio Idalmo Santos Miranda, filho do Serro, também está entre os homenageados com a Comenda em 2011. Ele conta que, mesmo o destino tendo conduzido seus passos a outros horizontes, distantes das montanhas serranas, o Serro é a sua grande referência: “Os valores e princípios que recebemos em nossa terra nos guiam por toda a vida. Voltar às raízes serranas é sempre uma necessidade, uma busca de inspiração e de renovação de forças”.
Para o magistrado, a atuação de Teófilo Ottoni no cenário político nacional teve mais importância do que hoje se lhe atribui: “A Revolução Liberal de 1842, que o teve como líder, foi um dos embriões da República. Teófilo Ottoni, em seu discurso, em seus ideais e na sua prática de vida apregoava princípios republicanos. Foi um exemplo, para todos nós, como brasileiros. Foi alguém que nós, especialmente os serranos, devemos reverenciar sempre. Receber essa homenagem tem um significado ainda mais grandioso pelo vulto que a inspira”, completa. 

Os desembargadores Beatriz Caires e Tiago Pinto
A Desembargadora Maria Beatriz Madureira Pinheiro Costa Caires ressalta que a honraria a emociona como integrante do Poder Judiciário mineiro - juntamente com os Desembargadores Manuel Saramago e Tiago Pinto e o Juiz Márcio Idalmo - e também como uma homenagem às suas raízes serranas. “Tudo que é ligado ao Serro tem um significado muito especial para mim, toca o meu coração. Cresci ouvindo o hino do Serro ser cantado com orgulho nas reuniões familiares; me acostumei a ver a pintura da Igreja de Santa Rita na parede das salas das casas de meus avós, de meus pais e tias. Escutei as muitas histórias do povo Serrano, recheadas de religiosidade. A comenda significa um resgate destas raízes, da minha história, das famílias Silveira e Madureira Horta, que remonta ao patriarca Professor Madureira, meu bisavô, e a João Gabriel da Silveira Serrano, meu avô. Por tudo isto, só tenho a agradecer! Obrigada aos Serranos!”.
Duas instituições também foram homenageadas com a Comenda: o Jornal Estado de Minas e a Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro, entidade com sede no Serro que se dedica à valorização do queijo artesanal. O presidente da Apaqs, Jorge Brandão Simões, que representou a entidade na cerimônia, acredita que a Comenda valoriza não só o trabalho da Apaqs, mas o seguimento que ela representa: “É um reconhecimento do Governo do Estado pelo esforço dos produtores no processo de valorização do Queijo Minas Artesanal”.
Entre outras importantes personalidades, foram agraciados com a Comenda Teófilo Ottoni o empresário serrano Vicente Nunes Mourão; o Médico Veterinário Mendelssohn de Vasconcelos e a Capitã PM Tânia Augusta da Silva. A Capitã Tânia conta que ser homenageada com a medalha tem um significado especial, já que o Serro foi a primeira cidade em que teve a oportunidade de ocupar um posto de comando na Policia Militar de Minas Gerais. “Quando estava no Comando da 144ª CIA pedia sempre a Deus forças, nosso trabalho não é fácil, Ele me dava problemas. Pedia amor, e Ele me dava pessoas que me ajudaram. Aprendi muito e, com a graça de Deus, venci. Não recebi de Deus o que eu pedi, mas o que precisava”, agradece.

O homenageado Vicente Nunes Mourão, ao lado da
filha Ariadna Lemos Nunes de Moura e Silva, Maria
dos Anjos Brandão Simões e Jorge Brandão Simões

A Capitã Tânia foi Comandante da 144º
Companhia de Polícia Militar, no Serro

O Médico Veterinário Mendelssohn de Vasconcelos,
 filho do saudoso Newton Vasconcelos, foi um dos
agraciados com a Comenda em 2011

SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA!

“Terminal Rodoviário, passageiros, motoristas e trocadores, boa viagem, vai com Deus homem da alavanca” Assim este serrano, nascido em 28 de abril de 1958, convida os passageiros que partem em diferentes direções a encontrarem seu destino, sem deixar de brincar com os motoristas, que sempre têm um apelido inventado por ele e proclamado ao microfone. Com bom humor e gentileza ímpar, Antônio Farnesi coordena os rumos da Rodoviária do Serro, mas faz muito mais: presidente de Banda de Música, Sacristão e, acima de tudo, um sábio que conhece como ninguém a simplicidade da vida e a melhor maneira de agradar ao outro. Vive no Serro “os mesmos anos que tem de idade”. Conhece diversos lugares, já passeou muito, mas não sai do Serro para nada. “Aqui nasci, fui criado, enterrei meus pais e pretendo ir daqui para o cemitério”. Nesta edição, o Ekos de Minas apresenta um pequeno pedaço do universo repleto de alegria e sabedoria de vida de Antônio Farnesi, um serrano da gema que ama o Serro e a sua história como poucos e ensina em cada sorriso e boa prosa um pouco do segredo de bem viver. 

Lição de vida
A vida é o seguinte: se ela for só boa, pode ficar tranquilo que vai aparecer uma novidade qualquer. Se for só ruim, pode ficar com esperança, que amanhã vai dar certo. Aceito a vida como ela vier. Eu gosto sempre de me manter alegre e satisfeito. Sou muito bem humorado, faço de conta que não entendo as ofensas para não levá-las em consideração. Adoro levantar o astral de qualquer pessoa, adoro destacar a pessoa. A coisa mais triste do mundo é falar uma coisa desagradável. Não é tudo que a gente leva em consideração, principalmente no mundo em que vivemos, muita raiva, revolta. Levo a vida da melhor maneira possível. Um exemplo: um sujeito muito pobre, muito pobre mesmo, ao ponto de passar fome, morava perto da minha casa. Ele roubava banana no meu quintal, vendia para mim e eu comprava. Sabia de tudo. O que custa comprar minhas bananas para ajudá-lo? Ele precisa!

Infância
As nossas brincadeiras na época eram carrinho de direção, empinar pipa. Papai era muito caprichoso e fazia uns carrinhos lindos para mim. A gente descia nas laterais da escadaria da Santa Rita. Descia embalado, e quando queria parar vinha cavucando a terra. Papai tinha uma barbearia lá perto. Meu pai fazia tudo por mim, eu era filho único, ele me amava. Era um pai que, apesar de ser barbeiro, fazia tudo de madeira. Uma vez eu comecei a pirraçar porque queria um carrinho de direção. - Meu filho, não tem madeira! Insisti. E o que ele fez? Tirou uma porta da casa e a transformou em um carrinho para me satisfazer. Para o gosto dele, eu não tinha casado nunca. Nenhuma moça servia para ele. Nada que eu tivesse na cabeça de casar ou progredir na vida papai aceitava porque ele tinha medo de eu sair do Serro. Ele me travava em tudo!

Rodoviária
O Prefeito Dermeval Magalhães era muito amigo do meu pai e me conseguiu um emprego na Praça de Esportes. Quando cheguei lá me puseram para capinar. Nunca na minha vida eu tinha mexido com ferramenta nenhuma. Machuquei a mão toda. Falei: -Pai, eu não vou ficar não. - Por que meu filho? Me puseram para capinar e eu não estou aguentando. Papai falou com o Prefeito e ele disse: -Meu Deus, aquilo não é menino para capinar! E passou uma ordem que não era para eu pegar na enxada nem para carregar! Aí fiquei alegre demais! Depois fiz um curso de guarda bancário e fiquei oito anos no Banco Real. Quando o Banco fechou, quiseram me aproveitar fora, mas eu não quis. Então o Prefeito Waldemir Mesquita me retornou à Praça de Esportes. Um dia, Waldemir me pediu: -Amanhã vamos inaugurar a Rodoviária e preciso dos seus serviços. -Perfeitamente, respondi. Na inauguração da Rodoviária, peguei o microfone e comecei a dar partida nos ônibus, desejando boa viagem e tal. Waldemir então falou: -Você me agradou muito com a sua iniciativa, não volta mais para a Praça de Esportes, está aqui definitivo. Voltei na Praça de Esportes só para buscar meus teréns. Isso tem 32 anos.

Família
Ficamos eu, meu pai e minha mãe juntos a vida toda. Minha mãe faleceu de câncer, quando eu tinha uns 16 anos, e ficamos eu e meu pai. Um dia, meu pai morreu. Fiquei sozinho. Meu pai faleceu em 7 de janeiro e me casei em 20 de setembro do mesmo ano. Casei-me com Maria José aos 25 anos. Depois minha esposa apaixonou-se pelos Estados Unidos e quis mudar-se para lá. Desejei que fosse com Deus, porque do Serro não saio. Tenho três filhos maravilhosos. Minha caçula me liga duas, três vezes por dia. A outra me liga menos, mas nos falamos muito. Hoje, minha esposa vem ao Brasil e somos amigos, ela fica na minha casa, não desquitamos nem divorciamos, o que é dela é meu, o que é meu é dela e pronto acabou. Eu e meus irmãos - porque eu tive irmãos, mas morreram - fomos fabricados na mesma casa que os meus filhos! Onde nasci, meus filhos foram inventados.

Banda de Música e Procissão
Toda vida gostei muito de comer e beber. Nunca deixei de ser convidado para nada, graças a Deus. Sempre gostei e gosto até hoje de festa de aniversário, de casamento, de festas religiosas, principalmente as que tenham banda de música. Gostava muito de música, mas não consegui aprender um instrumento, pelejei, mas não consegui, então, resolvi apreciar. Fui sacristão de Igreja por quatro anos. Uma vez o Padre pediu que eu organizasse a procissão até ele chegar. E durante a procissão tem um momento para a Banda de Música, os cânticos e o terço. Para a Banda tocar mais, aproveitei que o Padre não estava lá e dei um aviso: -Nós vamos sair agora, o Padre deu ordem para sair, mas não vamos rezar o terço. Assim me obedeceram. O Padre chegou todo apavorado: -Gente, cadê o terço? Responderam: -Antônio Farnesi falou que não tem terço, não. O Padre: -Mas Antonio, como é que o senhor faz isso? Respondi: -Aproveitei que o senhor não estava e deixei o terço para depois, para a Banda tocar mais. Na época, o Padre era Dom Geraldo Vieira Gusmão, hoje ele é bispo e fui a Belo Horizonte para a sua celebração de 50 anos de ordenação sacerdotal recentemente.
Outra de procissão. Tinham uns apelidos aqui no Serro que não podiam ser falados que dava muito problema. Tinha um sujeito que toda procissão carregava o guião - pendão ou estandarte que vai à frente das procissões. E ele tinha o apelido de limonada. Quando a procissão passou perto do Ginásio, a molecada já sabia, e um gritou: -Água. Outro respondeu: -Limão! O outro gritou: -Açúcar! -Se “musturá” eu largo essa desgraça aqui! Num “mustura” não! E a desgraça era a cruz. E não é mistura, é “mustura”. O pessoal gostava de mexer com ele na procissão, porque na rua ele corria atrás dos outros, jogava pedra.

O que você faz pelo mundo? Eu faço muito!



“O que você faz pelo mundo? Eu faço muito. Eu o enfeito, alegro, transformo, respeito, amo, protejo, reescrevo, revoluciono, compreendo, valorizo! O que você faz pelo mundo? Eu faço travessuras, descobertas, experiências, brincadeiras. O que você é para o mundo? Eu sou tudo! Sou alegria, esperança, conforto, virtude, futuro, coragem, fé, perdão, inocência, genialidade, beleza. O que você faz pelo mundo? Faça como eu, seja exemplo! Faça como eu, construa a Paz!” Este convite à reflexão e à experiência de vivenciar a infância traduz a delicada perspectiva que conduz a linha pedagógica da Escola Municipal Infantil Teófilo Ottoni, situada no município do Serro, Minas Gerais.
Com quase 50 anos de existência e 13 de ensino municipal, a Escola hoje atende a 172 alunos, de 3 a 5 anos, com a oferta de formação pedagógica e humana, complementar a ação da família e da comunidade. A Escola valoriza o processo de socialização da criança e organiza seu dia a dia de forma a assegurar o desenvolvimento físico, emocional e intelectual dos pequenos alunos.
Por ela passaram gerações de serranos, hoje com formação superior, como o Engenheiro Civil Marcelo Mesquita Machado, aluno da escola na década de 1960. “O Jardim me ensinou o carinho e o respeito às grandes mestras, que se dedicavam à nossa formação como um complemento do que aprendíamos em nossas casas. Dona Verinha, Dona Ciúca... as nossas professoras foram todas um pouco nossas mães”, relembra Marcelo.
O farmacêutico e bioquímico Eduardo Cezar Reis Araújo, também ex-aluno da Escola, conta que muitas das suas amizades nasceram na época do ensino infantil: “O grande presente que recebemos em nossa passagem pelo Jardim é a possibilidade de amplo convívio social. Não existia distinção de classes, a gente aprendia a lidar com todo mundo”.
Eduardo e Marcelo repetem a receita com seus filhos. Mariana Araújo Figueiredo, filha de Eduardo, é ex-aluna, e Raphael Buarque Machado, filho de Marcelo, é aluno da Escola.
Eduardo e a filha Mariana são ex-alunos da Escola
Irmã Carvalho
A história desta Insituição de Ensino passa por muitos caminhos. Inaugurada, em 1965, pelo Governo de Minas, a Escola presta homenagem a Irmã Carvalho - irmã de caridade da ordem de São Vicente de Paula, que dedicou sua vida ao Serro - e recebe o nome de Escola Estadual Infantil Irmã Carvalho.
A professora aposentada Maria da Conceição Mesquita Horta, conhecida como Dona Ciúca, conta que Irmã Carvalho - que chegou ao Serro provavelmente no início do século XX, vinda de Portugal - teve decisiva participação na criação do Colégio Nossa Senhora da Conceição - que funcionou no Serro até 2007 - e da Casa de Caridade Santa Tereza - atual Hospital do Serro. “Irmã Carvalho iniciou o Colégio com a ajuda de professores voluntários e se dedicava pessoalmente aos enfermos do Hospital. Dizem que fazia milagre em vida”, conta Dona Ciúca, que foi diretora da Escola Infantil por sete anos, ainda na época que estava sob a responsabilidade do Estado.
Dona Ciúca se dedicou por 42 anos ao ensino e tem boas e felizes recordações das salas de aula. “Sinto-me realizada. Parei de trabalhar porque já era hora, mas gosto muito da minha profissão. Dar aulas nunca foi uma questão de sobrevivência, mas uma realização de vida”, relata.
D. Ciúca: amor e dedicação ao próximo

Municipalização
Em 1998, a Educação Infantil passa a ser responsabilidade dos municípios e uma jovem funcionaria pública municipal é convidada para cumprir a missão de providenciar a adaptação da escola estadual para municipal: Rita Irinéia do Nascimento Oliveira, diretora da Escola desde a sua municipalização. Prontamente Rita aceita o desafio, mas determina sua condição: “Eu escolho a minha equipe!”, propõe Rita.
Assim foi. Quinze jovens professoras, praticamente todas com experiência em escolas rurais, assumiram a Escola Infantil com o compromisso de manter o que já estava sendo realizado e aprimorar o que fosse possível. “Muitos não acreditaram que seríamos capazes de assumir a escola!”, lembra Simonia Aparecida dos Santos Silva, atualmente Supervisora e parte da equipe em 1978.
Mas a descrença deu lugar à competência e as 15 corajosas e persistentes educadoras construíram uma escola alicerçada no respeito à infância e na dedicação ao próximo. “As dificuldades ao contrário de nos abater, nos deram força”, conta Simonia autora do texto de abertura desta matéria.
Em 2011, depois de 13 anos de funcionamento em espaços improvisados, a Escola finalmente conquista um prédio próprio, construído nos moldes adequados para abrigar a fantasia e o amor necessários ao desenvolvimento de uma educação de qualidade. Na nova casa, a Escola passa a se chamar Escola Municipal Infantil Teófilo Ottoni segue os rumos de respeito e compreensão à infância para construir um futuro de Paz, como preconiza o verso de Simonia.
 Os pais de Chrismilly Santos Nascimento, que completou este ano a etapa de ensino infantil e é aluna da escola desde os três anos, apostam neste futuro. Valdemar do Nascimento Pereira e Natalice Ferreira dos Santos se declaram “super satisfeitos” com o trabalho que é realizado pela equipe da escola, com carinho e respeito ao desenvolvimento individual dos alunos, e dizem que a escola “superou suas expectativas”.
Natalice, Chrismilly e Valdemar: super satisfeitos