quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ARTIFÍCIO - Fotografia

Danilo Arnaldo Briskievicz
As flores e plantas serranas são uma mistura do local com o nacional e mundial. Há flores e plantas típicas da Mata Atlântica. Há flores e plantas que podem ter vindo de qualquer lugar do mundo. Entre plantas e flores nativas e trazidas no lombo do burro, depois de chegadas aos portos brasileiros em quatro séculos de história, os jardins serranos foram se constituindo numa arte própria. É uma profusão de cores que encanta os olhos de quem se dedica à fotografia. Ou mesmo àqueles que ficam boqueabertos com a quantidade de cores que habitam um simples jardim na porta de casa. Há os quintais repletos de figueiras, abacateiros, mangueiras, coqueiros, pessegueiros, jabuticabeiras. São tantas variedades espalhadas pela cidade!
Os bichos também são uma mistura inacreditável. Eles habitam os rios, as casas, as praças, os jardins. Em qualquer lugar pode-se achar o inusitado. Apesar de toda a devastação da Mata Atlântica ainda podem-se ver os bichos resistentes. Os cachorros serranos são um caso à parte: são os mais rústicos, os mais leais e os mais maltratados. Abandonados nas ruas incorporaram-se à paisagem urbana. Antes necessários para a caça, hoje são relegados a seres que tem vida própria e, claro, não tem. Os donos omissos permitem que eles reproduzam à vontade e sem controle da municipalidade. Com isso, vivem pouco. Mas dormem nas praças, na rodoviária, nas calçadas do comércio e das casas e são sempre simpáticos.
As cachoeiras sintetizam a beleza da flora e da fauna da região serrana. Ao visitar a Ponte de Pedra em Santo Antônio do Itambé a sensação é de uma volta no tempo. Água gelada que desce do Pico do Itambé e sustenta toda uma cadeia alimentar até chegar aos seres humanos. A quantidade de água que provem do Pico do Itambé é uma festa para a natureza durante todo o ano, mesmo na seca.
Publicamos esse trabalho com o título de Artifício para provocar a reflexão. Os jardins não são naturais: são invenção humana. Os bichos reproduzidos na cidade incorporaram-se ao dia a dia das pessoas. A cachoeira, hoje, é um ponto turístico. Então, o que há de natural? Tudo na relação do homem com a natureza é um Artifício para viver melhor.
Portanto, a fotografia é um artifício. É a ampliação do olhar. Convidamos você a olhar a natureza/humanidade nas fotografias realizadas no Serro e em Santo Antônio do Itambé de janeiro a julho de 2011.








DANILO ARNALDO BRISKIEVICZ

nasceu no Serro, Minas Gerais, em 1972. Filósofo, poeta, historiador e fotógrafo amador. Professor universitário dedica-se ao registro da história serrana através de livros impressos e em formato e-book que podem ser baixados gratuitamente no site do autor.

Artifícios - Fotografia - 2012
www.recantodasletras.com.br/e-livros/3445924

Nenhum comentário:

Postar um comentário