sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

TRABALHO E FAMÍLIA: UM SERRANO DE VALOR

Francisco da Cunha Freire, conhecido como Cici, é um serrano de valor. Nascido na época em que a palavra bastava, Cici conserva e repassa para os filhos o legado de muito trabalho e retidão. Filho de José Azevedo Freire, o Zé Congonha, e Noemi Dayrell da Cunha Freire, Cici é casado há 42 anos com Maria da Conceição Souza Freire, com quem teve quatro filhos: Renata, Rejane, Francisco Junior e Sandra. Com o pai, iniciou a vida de muito trabalho na Padaria Santo Antônio, chamada de Pão do Serro: Zé Congonha cuidava da produção de pães e Cici era responsável pela compra dos insumos e comercialização dos produtos na região. Ainda menino, experimentava a responsabilidade e o trabalho que são o norte dos seus negócios e realizações. Bem humorado e espirituoso, sempre ao lado de Dona Conceição - que participa das histórias e feitos do marido e compartilha alegria -, Cici nos dá a oportunidade de aprender os caminhos da palavra e conhecer a sua trajetória, que ajuda a contar a história do Serro.


Infância
Desde muito pequeno, já ajudava o meu pai na padaria, amassando e enrolando o pão. Papai sempre na frente. Somos onze irmãos. A gente trabalhava e brincava na rua. Adorava descer a escadinha da Santa Rita com carrinho de direção. A gente brincava muito na Praça e tinha um jardineiro que brigava porque nós pulávamos as arvorezinhas. Lembro-me também do “Miguel Já Ouviu”, um doido que tinha no Serro, que passou em nossa casa uma vez e minha mãe começou a perguntar dos meninos. Meu irmão chegou e ele disse: - Este menino é muito bonzinho, muito educado. Na hora que cheguei da rua, minha mãe perguntou: - E este aqui? - Este é o moleque mais “ensobordinado” da Praça! (risos)

Padaria
Papai começava cedo, três horas da manhã. Quando eram seis horas, ele nos chamava para ajudar. A gente passava a massa no cilindro e enrolava o pão que entregávamos nos bares, no Colégio. Tinha um bolinho que mamãe fazia e nós entregávamos nos bares. Com 18 anos, mais ou menos, mudei para Belo Horizonte para trabalhar com meus tios, Mauro, Geraldo e Antônio, no Café Pampulha. Fiquei lá seis anos e, nesse tempo, trabalhei também na Transfarma, com transporte de medicamentos.

Casamento
Em uma vinda ao Serro, passei na casa do meu tio Geraldo e a minha tia me deu uns embrulhos para levar a Belo Horizonte. Fui à casa das meninas entregar os embrulhos num pensionato, no Prado, encontrei com a Conceição e fiquei embrulhado até hoje (risos).

Tropeiro sobre rodas
Voltei para o Serro, em 1968, para trabalhar com o meu pai. Compramos o primeiro carro para distribuir pão na região e depois outro para transportar o trigo de Belo Horizonte para o Serro. Entregávamos o pão em 16 cidades. As estradas não eram boas. A gente rodava a região toda e não tinha asfalto nenhum. Um ano que choveu muito, muitas cidades foram atingidas por enchentes, eu cheguei em Senhora do Porto e estava faltando tudo, o pessoal ajoelhou e agradeceu. Trazia cartas e levava encomendas de uma cidade para outra. De Rio Vermelho trazia carne de porco, queijo, manteiga, rapadura. Sempre tive muita sorte com o caminhão, ele não estragava na estrada, mas quando era solteiro, sexta-feira viajava para Diamantina e o carro sempre atrapalhava lá (risos)!


Loteria

Ganhei na loteria uma vez e comprei a roça. Fiquei com o bilhete no bolso mais de quinze dias. Na ida para Belo Horizonte, parei em Sete Lagoas para jantar e conferi o bilhete: ganhei o primeiro prêmio. Fui para o hotel, fechei a janela e coloquei a carteira embaixo do travesseiro com medo de ser assaltado. Fui para Belo Horizonte, carreguei o caminhão e conferi direito na Loteria Campeão da Avenida e recebi o prêmio.

Negócios 
Na década de 1970, criei a Mercearia Cilu, no casarão do Hotel Glória. Vendia frango, verdura. Aproveitava o caminhão para a entrega de pão e trazia a mercadoria de Diamantina.
Depois comecei com a venda de pneus e criamos a Cinata, perto da rodoviária. Depois construí o prédio - onde hoje ficam o Chico Motos e a Cinata - de um lado montei a Cinata Pneus e do outro a Cinata Padaria.


Cici, José Mário Pimenta, Zé Congonha e Geraldo Márcio - Bitinho



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