terça-feira, 7 de setembro de 2010

CASA DE NONÔ PEDE SOCORRO

Associação mantenedora da Casa de Juscelino, em Diamantina, passa por período de limitações financeiras e o Presidente da Fundação, Serafim Jardim, conclama o empresariado a auxiliar na busca de alternativas para garantir o seu funcionamento

A história quando vista a partir de seus meandros e fatos tem nuances de previsões e pressentimentos que inspiram especulações que podem sempre apimentar um tema. Este episódio trata de um pedido entre amigos, exatos 13 dias antes da morte de um deles. Os personagens são nada menos que o Ex-Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, e seu fiel escudeiro, Serafim Jardim.

A data é 9 de agosto de 1976, o cenário Belo Horizonte. Neste dia, Serafim Jardim, assessor e amigo de JK, recebe a quase missão de comprar a casa da Rua São Francisco nº 241, em Diamantina - naquele momento, nenhum dos envolvidos tinha a dimensão do que estava por vir, mas era como se pressentissem... O pedido partiu do próprio Presidente Juscelino Kubitschek, que queria ter uma casa em sua cidade natal. “O impressionante é que JK nasceu em Diamantina e não tinha uma casa na cidade. Ele disse que fazia questão de ter uma casa em Diamantina e pediu que eu comprasse a casinha. Foi o último pedido que ele me fez”, conta Jardim.

O presidente morreu em um acidente de automóvel no dia 22 de agosto de 1976 que, segundo afirmações do amigo Serafim Jardim, publicadas no livro “Juscelino Kubitschek - Onde está a verdade?”, não aconteceu por força do destino, mas por intervenção de grupos políticos contrários ao Presidente. “Em nome de nossa amizade que, segundo Juscelino, era uma velha tradição de família, resolvi numa batalha muito árdua restaurar a casinha e, em 1985, estava aberta para visitação a Casa de Juscelino”, conta Serafim.

Hoje, 25 anos depois, Serafim Jardim luta para manter viva esta parte da memória do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), preocupado com a falta de recursos para garantir aberta e em funcionamento a Casa de Juscelino, misto de museu, biblioteca, bar e praça de eventos, no Centro Histórico da cidade. “Acredito que a campanha SOS JK vai sensibilizar os patrocinadores que entendem a importância de Juscelino na vida do país. Este aqui é o Memorial JK de Minas”, afirma.

A “casinha” como é carinhosamente chamada por seu benfeitor tem 120 anos e abrigou JK dos 3 aos 19 anos. O imóvel é de propriedade do governo de Minas, embora a gestão esteja a cargo de uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip), e fica em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e reconhecida como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Serafim Jardim conclama o empresariado a ajudá-lo a preservar a história do mineiro que foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945), governador de Minas (1951-1955) e chefe da República (1956-1961), além de médico. “Juscelino foi o maior presidente que este país já teve. Foi o homem do desenvolvimento. As grandes indústrias foram trazidas por ele. Em Minas Gerais, temos empresas como a Cemig e a Usiminas que foram criadas por Juscelino”, justifica Jardim.

A crise na Casa de Juscelino começou em 2009, a partir de problemas no repasse de verbas pelo Governo de Minas Gerais - Secretaria da Cultura. Até então, diz Jardim, a instituição se beneficiava da Lei 9.722/88, que autorizava a ajuda financeira pelo Estado, algo em torno de R$ 150 mil por ano. “Ficamos sem receber esse valor durante seis meses, no ano passado, e a situação ficou muito difícil, pois temos sete empregados, custos de manutenção, encargos sociais, fazemos uma revista bimensal e não há receita para arcar com os gastos”, afirma.

Segundo Jardim, a visitação mensal gira em torno de 1 mil pessoas, com média de 320 pessoas por dia nos fins de semana, feriados, época de Vesperata e férias de julho. No restante do ano, o número cai para 30 visitantes diários. Com ingresso custando apenas R$ 2, o movimento de visitantes rende parcos R$ 1 mil mensais, quantia bem distante dos R$ 12 mil necessários para fechar as contas e deixar os responsáveis respirando aliviados.

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