quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PAI E FILHO, PASSADO E PRESENTE


Antônio Carlos Tolentino

A trajetória perseguida pelo pai é a mesma pretendida pelo filho: lutar pelo desenvolvimento econômico, turístico e cultural da nossa querida Serro. Sempre ao lado da ética e da honestidade, foi o legado deixado aqui na terra por onde transitou meu pai, Paulo Tolentino, que não só como Prefeito do Serro, mas como ser humano, sempre trafegou pela estrada da humildade, caridade e da bondade. Incontáveis obras foram realizadas quando comandou o Executivo Municipal do Serro por mais de uma vez. Sua maior virtude, herdada do pai, inigualável médico, meu avó, Dr. Tolentino, sem dúvida, a caridade.


Ao escrever um artigo sobre o meu inesquecível pai, Paulo Tolentino, o faço dominado por sentimentos paradoxais: satisfação pela oportunidade a mim criada pelo Jornal Ekos, para divulgar um pouco a respeito da passagem e dos exemplos deixados aqui na terra: tristeza profunda por não tê-lo aqui comigo. Para tal resolvi extrair uma homenagem póstuma que consta de um romance escrito por mim que brevemente será lançado. Mesmo reconhecendo que estou engatinhando no ramo da literatura, realidade assumida e absorvida por mim.

Trata-se do inicio do inicio. O iniciante iniciou. O importante é ter iniciado. Iniciar-se mesmo que tardia, como iniciei não é iniciar em tempo inoportuno. Considerando a sua influência é que se deu toda essa iniciação. Se é que consegui, iniciando eu, ressalto como me é gratificante a criação da oportunidade concedida a mim, para prestar de publico, por escrito, essa singela homenagem. Pequena no conteúdo literário, gigante no merecimento. Dever e obrigação. Dedico ao meu saudoso, querido e inesquecível pai, Paulo Tolentino, esta folhetinesca e minúscula obra.

Praticamente o que sei foi extraído da sua enorme competência. Discorria sobre qualquer assunto com alta dose de conhecimento, igualando-se sem sombra de duvidas aos grandes mestres da cultura literária brasileira. Por insuficiência de tempo não enveredou no caminho da arte de escrever. Na condição de Prefeito ou cidadão comum não lhe sobrava tempo algum para mais outra atividade, até a sesta era desconsiderada. Nada, absolutamente nada, que ocorria incomodava-o. O seu sentimento indicava outra trilha a percorrer.

Iluminado trafegou por ela sem ter cometido nenhuma infração. Colocou toda sua força física, mental e seu prestigio a serviço da causa maior. Que bonito, ótimo: ganhou ele, ganhei eu, particularmente, ganhamos nós seus familiares. Permitam-me, os seus exemplos, o seu comportamento impar de humildade são para nós motivo de orgulho, o seu feito era mais bonito e nobre se comparado a qualquer escritor. No ramo era catedrático, fez doutorado, defendeu tese. Praticava-a para todos sem nenhuma discriminação. Em toda sua existência executou-a despretensiosamente. Seu pai, meu avô, Doutor Tolentino, também a praticava por atacado. Sabiam como poucos exercer a caridade.

Ensinamentos a respeito de pai para filho, de filho para uma geração. No dia 25 de novembro de 1982, meu pai partiu deste mundo. Subiu com rapidez, pelo purgatório passou direto. Lá em cima chegou. São Pedro apareceu para recebê-lo, em seguida ordenou: - Venha, os dois atravessaram uma porta imaginaria. Lá no final, Ele estava assentado sobre uma cadeira simples. Entre as mãos tinha um reluzente terço. Trajava vestimenta longa toda em branco, inclusive uma enorme túnica. Chegando, São Pedro refere-se: este é o Paulo, veio lá do Serro. Em outra oportunidade já comentamos, é o homem da caridade. Jesus com um olhar sereno e firme fitou-lhe dizendo: - Seja bem vindo à casa eterna. São Pedro e Paulo voltaram. De novo ultrapassaram a porta inexistente. Eis que Paulo visualiza o conterrâneo Oswaldo França Junior, dele se aproxima, cumprimentando-o. Um pouco perplexo, Oswaldo o interpela: você também veio para a eternidade? Continuou acrescentando. Seu filho Antônio Carlos Tolentino, o Toca, pediu-me para iluminá-lo.

Há muito já estou agindo. Paulo, com a mesma simplicidade que usava lá na Terra, encerrou o resumido diálogo respondendo-lhe: - Muito obrigado!

Com forte sentimento de angustia, infortúnio e saudades este meu pensamento fúnebre foi-se desvanecendo. Parecia muito uma sincope.

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