quarta-feira, 1 de setembro de 2010

GRUPO MARTE: 25 ANOS DE PAIXÃO E ARTE

“Quando decidimos criar o Marte, não imaginava que vinte e tantos anos depois alguém fosse me perguntar sobre o Grupo”, comemora Eudes de Souza Oliveira, ex-integrante que participou da criação do Grupo Marte - Movimento de Arte Teatral, em entrevista ao Ekos de Minas.
Assim, desde a primeira reunião do Grupo, em 23 de março de 1985, no Bar Di-amantes, do lendário serrano Toninho Rela - Antônio Carlos Dumont Reis - passaram-se 25 anos. Mas há controvérsias, como tudo que depende da memória. Uma outra versão, defendida pelo também ex-integrante do Grupo, Rui Machado, aponta que o primeiro encontro foi na funerária de José Rela - José Reis Junior. Rui explica que uma das convidadas por Eudes e Marisa Miranda – donos da ideia inicial – não compareceu por medo do local escolhido.

O importante é que a ideia de uma turma de quase vinte pessoas, que nascia com a vontade de levar arte e cultura para as ruas e bairros do Serro, deu certo. Entre comédias, dramas e muita inspiração - e segundo relatos de Ranieri Nunes, impresso em prolixa datilografia, em documento apresentado por Sônia Nunes Mesquita - o Marte estreou as primeiras peças de teatro: “Entrou de Caixeiro e Saiu de Sócio”, “Charles Chaplin” e “O Aniversário da Noiva”.

Depois vieram “Crepúsculo e Solidão” e “Bar Miragem”, com roteiro e montagem do próprio Grupo, apresentada no “Garajão”, ponto de encontro de jovens do Serro, na década de 1980. Aqui vale a pena uma pausa para falar sobre o enredo deste espetáculo, que reunia grande elenco de músicos serranos da época e era encenada por dois amigos, que relembravam, no futuro, as apresentações. Na medida em que citavam os artistas, as apresentações aconteciam ao vivo, em tom de lembranças do passado. Assim desfilaram pela memória dos atores e em apresentações ao vivo: Cocó do Cavaco, Eurípedes, Gentil e Diminhas e muitos outros, segundo Rui Machado, um dos atores no palco. Em janeiro de 1987, foi apresentada a peça “Era uma vez... em 1789”, em Praça Pública, comemorando os 273 anos de elevação do Serro à condição de cidade, com Maria Luiza Machado Oliveira no papel de “Maria do Ouro Fino”.

Mas o espetáculo que marcaria a história do Grupo Marte ainda estava por vir: a encenação “Agonia, Paixão e Morte de Cristo”. A apresentação ao vivo, nas escadarias da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, estreou na Semana Santa de 1986. O Grupo teve o apoio da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, comandada na época pelo Cônego Júlio Gomes de Oliveira, e da Prefeitura Municipal do Serro, na administração de José Monteiro da Cunha Magalhães. “A apresentação foi um sucesso, mas ninguém acreditou que fosse dar certo. A Prefeitura ajudou na montagem do cenário, com as três cruzes que estão aí até hoje”, relata Rui, que representou o papel de Jesus Cristo na primeira encenação e durante treze anos seguidos. “Falamos com Dr. José Monteiro: a Prefeitura participa pelo menos com parte do cenário, se a comunidade gostar, amplia depois o apoio”, conta. E assim foi, já que o espetáculo hoje é parte do calendário de eventos municipais e recebe apoio amplo da Prefeitura do Serro para a sua realização.

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